domingo, 23 de outubro de 2011

aposta-errada-de-robinson-faria-nao-e-esta



Discordo completamente da pecha de ansioso com que se resolveu carimbar o vice-governador Robinson Faria, como um critério de desqualificação política. Ansioso é um eufemismo que usam para desqualificar este jovem de longo curso na política potiguar. Parece que todos estão fadados ao sem-vergonhismo, ao jogo sujo da paciência de exercitada como se fosse um hímen complacente, capaz de suportar toda e qualquer investida de estupro. O que Robinson está fazendo, talvez seja simplesmente o que precisa ser feito de vez em quando. Na política em geral e na potiguar, com especialidade, estabeleceu-se uma regra de que tudo vale a pena quando a alma é pequena.


Que é preciso se submeter a todo tipo de pressão, de chave de roda, de dominação, de exigência de submissão, de rasteira em nome da manutenção dos cargos, dos privilégios, do poder. Deste poder que muitas vezes não passa de ilusão. Um cargo, um birô, uma secretária, um cafezinho, e um processo de emperramento de todos os processos, não se deixando nada acontecer. Robinson foi procurado, assediado, paparicado e por fim, cooptado para o projeto pessoal de Carlos Augusto de voltar ao Governo do Estado que foi do pai, através da esposa. Robinson, sabia-se, era o fiel da balança. Tivesse ficado com Iberê viabilizaria a condição de disputa do então governador.


No mínimo teria levado a eleição para o segundo turno que era o pavor do rosalbismo, pois em chegando lá Iberê teria a seu favor o terceiro colocado Carlos Eduardo, unificando a base do governo Lula e reunificando assim a base de Wilma de Faria, tornando a chapa imbatível, pois finalmente Iberê teria Lula no palanque e Dilma já eleita também. Robinson, por sua vez, seria vice-governador com direito ao que Iberê estava usufruindo: assumir nove meses antes com direito e chances de reeleição para um mandato completo. Com Rosalba, na melhor das hipóteses, conseguiria uma segunda chance de mandato de vice-governador.


Mas em Mossoró até as pedras sabiam que ele era figura descartável no jogo de Carlos Augusto. Jório Nogueira, com seu estilo desabusado, avisou-lhe. Ouvi de rosalbistas que Robinson não brincaria a festa junina ao redor da fogueira do Sítio Canto, dançaria antes. Mas a crise que se abateu sobre o governo deu-lhe uma sobrevida no grupo. Na medida em que apareceu Henrique Eduardo declarando uma adesão que não era nenhuma novidade e a perspectiva da ida de João Maia, Robinson voltou a ser descartável. E começaram as provocações. José Agripino detonando o seu PSD, a longa espera para sentar na cadeira governamental, o piquete para evitar que deputados entrassem no seu partido, o esvaziamento da sua Secretaria de Recursos Hídricos e o processo de desgaste nos órgãos dirigidos por indicados seus.


E eis que o empréstimo bilionário iria dar muito fôlego a Robinson. Os olhos gordos de Carlos Augusto se debruçaram sobre as cifras obesas do porvir. Era evidente demais o descaso com a Caern de Mossoró. Se bem conheço os Rosados, o desgaste diário da Caern era uma forma de ter argumentos quando da saída do vice. Ontem mesmo, ouvi de rosalbistas: Até que enfim. Ele não é flor que se cheire. Queria fazer com ela o que fez com Wilma... O fato é que Robinson está oficialmente fora do governo. Confirmou-se a previsão desta humilde coluna: Robinson tornou-se um VNG - Vice Não Governamental. Resta saber quem vai perder mais com isto. Cá da minha banda, acho que o prejuízo maior será debitado a Rosalba Ciarlini. Como diria Canindé Queiroz: aguardemos, pois.


Fonte: Jornal de Fato

Nenhum comentário:

Postar um comentário